Thursday, March 23, 2006

De bom coração

Dizem que nós, os brasileiros, somos dotados de um bom coração. Não estou falando, é claro!, da qualidade do nosso músculo cardíaco, estou falando dessa nossa propalada bondade, desse coração mole, que nos faz um povo pouco propenso à violência - apesar de toda a violência que vê hoje em dia nas nossas cidades -, às lutas, às revoluções. Somos pacíficos, dóceis, um povo com o espírito de carneiros.

Não sou um estudioso da matéria, talvez estejam nas nossas raízes históricas, na formação étnica, na escravidão, nos séculos de colonialismo as raízes que forjaram esse nosso modo de ser. Traçando um paralelo com o meu estado, eu sou nativo do Rio Grande do Sul, somos levemente diferentes do resto do Brasil. Esse pouco de influência castelhana, da influência platina, nos tornou menos dóceis, talvez tenhamos o coração mais empedernido do que a média do brasileiro.

Nessa diferença pode estar a razão de tantas revoluções aqui nesses pampas, de tanto sangue derramado, de tantas inconformidades, ou desse sentimento de independência que nos traz problemas ocasionalmente.

Com todo esse bom coração que nos distingue, ainda assim, infelizmente, não dá para acreditar que o nosso querido presidente tenha sido um "ausente" de todo esse processo de corrupção que se desenrolou a sua volta, no seu governo. Acresce, ainda, mais um fator, mesmo que aceitemos essa improvável alegação da alienação de tudo, ele, como dirigente máximo da nação, não pode simplesmente dizer que "não sabia" e, pronto!, está tudo resolvido.

Desde pequeno aprendemos que o dirigente é o responsável pelos atos dos seus subordinados. E não estou falando de funcionários do quinto escalão, estou falando de ministros, estou falando de próceres do seu partido. Se não o fez por ação, o fez por omissão, mas é inegável que pecou sendo o maior responsável por isso.

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