Friday, February 17, 2006

Velhas Pedras!

Eles chegaram, envelhecidos, velhas pedras, caras tão enrugadas que chegam a lembrar ameixas pretas. Em outras épocas seriam taxados de "velhinhos transviados"; para os que não são dessa época, é bom esclarecer que o termo "transviado" não vem de transexual, nem de viado, significa só alguém malandro. E, contudo, eles ainda tocam, ainda compõem, ainda conseguem rebolar, apesar de algum eventual reumatismo que possa começar a atacar as articulações.

Eu nunca fui um grande fã do conjunto, eles eram muito avançados na época para o meu gosto, eu fazia parte de uma outra turma que transgredia menos, a turma do Beatles, a turma que curtia um rock mais comportado, com menos foco nas drogas e mais nas baladas, na curtição, nas gurias, nas festas. Mas, como se diz, tem gosto pra tudo e, hoje, eles já não são tão avançados.

Algo é inegável, eles tem o dom da permanência, eles ficaram, sobreviveram como grupo, carregam nos rostos as marca com o preço das escolhas, mas continuam no cenário há mais de quarenta anos, uma eternidade para um grupo de rock.

Saturday, February 11, 2006

As críticas e as classes

Não levem a sério o que escrevo, pelo menos quando se trata de críticas às convenções sociais. Para que elas tivessem validade, eu teria que ter nascido no andar de cima; mas eu nasci no subsolo, sou um dos seres que habitam o porão. Aqueles que nascem no porão, tem por obrigação reclamar do pessoal do primeiro pavimento. Não é uma questão de convicção, é caso de classe, de posição social.

Quem viaja na classe econômica reclama do pessoal da executiva, o que dirá então da primeira classe. São como as antigas naus, as galés, onde o pessoal que viaja no tombadilho, tem vista para o mar, o ar condicionado é natural e, se enjoar, vai até a mureta e vomita; para quem está remando no porão a coisa é diferente. Já imaginaram como fica o porão quando alguém vomita? Ou faz alguma outra necessidade básica?

Quem garante que se eu estivesse na primeira eu continuaria reclamando? O mais provável é que reclamasse que o caviar ou o champagne não estavam suficiente gelados, que a poltrona não estava reclinando o suficiente, ou que a vista do pessoal vomitando na mureta da nau é uma visão barbárica. Ao porão com os vomitadores!

Sunday, February 05, 2006

As leis da evolução

Sei que dificilmente vamos chegar a um acordo nessa conversa. Ninguém vai querer tomar para si a culpa de todos esses séculos de desarranjo, desencontro, descaso, descasamento, despedida, desconsórcio, desconconjugo, etc., e todos os "des" que servem para separar o casal da espécie homídea - não vem, sei que começa com h, mas termina com "a", tá bom!

O homem - no caso o macho da espécie, e não a espécie - tem sido responsabilizado, justa ou injustamente, por tudo de ruim que há nesse mundo - convenientemente sempre se esquecem das coisas boas. Porque não seríamos os únicos responsáveis por todos esses des aí da lista de cima? As mulheres são as vítimas, todas elas, porque é preciso generalizar quando se trata de homens.

As mulheres tem crises de identidade, crises de meia-idade, crises de maternidade, crises de infecundidade, etc. Nós temos crises de... de virilidade. Ponto. Aquela piada que correu por aí dos botões do contrôle remoto tem algo de verdadeira, os homens podem ser mais toscos, mas são mais simples. Não se esqueçam das leis da evolução das espécies de Darwin, quanto mais complexos são os organismos...