Saturday, February 11, 2006

As críticas e as classes

Não levem a sério o que escrevo, pelo menos quando se trata de críticas às convenções sociais. Para que elas tivessem validade, eu teria que ter nascido no andar de cima; mas eu nasci no subsolo, sou um dos seres que habitam o porão. Aqueles que nascem no porão, tem por obrigação reclamar do pessoal do primeiro pavimento. Não é uma questão de convicção, é caso de classe, de posição social.

Quem viaja na classe econômica reclama do pessoal da executiva, o que dirá então da primeira classe. São como as antigas naus, as galés, onde o pessoal que viaja no tombadilho, tem vista para o mar, o ar condicionado é natural e, se enjoar, vai até a mureta e vomita; para quem está remando no porão a coisa é diferente. Já imaginaram como fica o porão quando alguém vomita? Ou faz alguma outra necessidade básica?

Quem garante que se eu estivesse na primeira eu continuaria reclamando? O mais provável é que reclamasse que o caviar ou o champagne não estavam suficiente gelados, que a poltrona não estava reclinando o suficiente, ou que a vista do pessoal vomitando na mureta da nau é uma visão barbárica. Ao porão com os vomitadores!

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